FelipeFFalcão

Contos versos e poesias

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DIZEM QUE PARA os poderosos, não existe lei. Até existe, porém, ela, a justiça sempre venda os olhos. Verdade seja dita, as leis do Brasil são ótimas, todavia, sempre se encontra uma brecha para se safar. Basta conhecer as pessoas certas. E, o milagre acontece.

 

Heuskin, tinha que atender o pedido do amigo, afinal, ele devia tanto para a família Nakamura que nem que ele passasse a vida toda limpando a sugerira deles, ele conseguiria saldar a sua dívida com aquela família.

 

Quando jovem Heuskin era um garoto pobre, o simples filho da viúva de um alemão que morrerá, vítima de um AVC aos 44 anos. Deixando-os cheios de dívidas. O único patrimônio que o pai deixará foi um escritório de representação falido, cheio de altos empréstimos, uma casa no Tatuapé, uma sala comercial na Av. Paulista e um Mercedez modelo 88. Com o falecimento do pai, o banco tomou tudo. Deixando a família apenas com a casa que moravam, pois Heuskin era pequeno.

 

Heuskin jurou que quando crescesse iria conquistar tudo que o pai perdera.

 

Na faculdade, ele matara um garoto a pancada, porque o colega ficou zombando dele, por ser bolsista, filho de uma família falida, cujo pai covarde, tivera um colapso nervoso.  Ele não tinha com quem contar, quem o ajudou a se safar, foi a família Nakamura, Sato especificamente, falará com o tio que fez com que a história fosse apagada. O tio de Sato Sumiu com o corpo do garoto, pagou algumas testemunhas, e ameaçou outras, e tudo foi apagado... sem rastros, sem corpo, sem crime, sem culpado.

 

Na ocasião, Heuskin não compreendeu o preço que lhe seria cobrado no futuro. Mas, ele estaria nas mãos nos Nakamura pelo resto da vida.    

 

ERAM DEZ DA manhã quando Fred chegou à cela de Takeshi. Takeshi estava deitado de barriga para cima em uma cama de cimento, sobre um colchonete cor creme. Ele tinha as mãos cruzadas sobre o tórax, como se estivesse morto sobre uma pedra de mármore. Fred o observou ali, numa postura serena, em paz, como alguém que nada tímida ou que tinha qualquer pendência com a justiça.

 

Fred tirou do bolso da calça as chaves do carro e bateu suavemente com o chaveiro na grade, e chamou baixinho.

 

- Senhor Takeshi, levante-se, o doutor foi liberado.

 

Takeshi se levantou, ou olhou para Fred, sorrindo se aproximou da porta da cela. O delegado abriu a porta e se afastou para que Takeshi passasse.

 

- Por favor, me acompanhe - disse o delegado.

 

Eles caminharam em direção ao elevador. Fred apertou o botão do 2S. No subsolo, Fred foi caminhando para seu carro partícula. Um SUV volvo blindado.

 

- Quer ir ao banco da frente ou atrás? Eu sugiro o de trás, pois os vidros escuros vão impedir que o doutor seja visto por outros ao sairmos do prédio.

 

Takeshi, não argumentou, apenas foi para o banco de trás. Fred foi para atrás do volante e dirigiu devagar para fora do prédio. Quando saíram a rua, Takeshi perguntou.

 

- Para onde vamos?

 

- Para onde o doutor quiser, casa, escritório... você está livre.

 

- Ok, para meu AP.

 

Fred dirigiu tranquilamente, apenas observa, vez por outra, o comportamento impassível de seu passageiro, pelo retrovisor.

 

Por fim, chagaram em frente ao condomínio em que Takeshi morava. Takeshi saltou do carro, quando ia fechando a porta, Fred disse.

 

- Só uma coisa doutor, você tem amigos importantes. Mas eu sou persistente, ainda vou trancafiá-lo um dia e jogar a chave fora.

 

- Vou aguardar ansioso – disse Takeshi, com tom de sarcasmo.

 

Ele bateu aporta e foi para a portaria.

 

Ao abrir a porta do AP, ele foi direto para o banheiro. Tomou um banho demorado. Se barbeou. Pegou a roupa que tirara, pois em um saco par lixo e a deixou ao lado da lixeira. Foi para o closet, vestiu uma roupa esporte, desceu para a academia do condomínio. Ele correu por uma hora na esteira. Depois do exercício. Voltou a cobertura, tomou outro banho. Já vestido de terno e gravata, pegou um celular novo em seu closet, colocou um chip, ligou para um amigo que tinha um jato particular. Combinou de se encontrarem no aeroporto em duas horas, sem informações para onde ia, as coordenadas seriam passadas assim que chegasse ao local de embarque.

 

Depois de termina de combinar com o amigo. Ele desligou o aparelho, foi para a cozinha, ligou a cafeteira, descartou o resíduo de pó que estava no recipiente do dia anterior, acoplou o aparador no moedor e, em seguida apertou o botão para moer os grãos. Enquanto esperava a máquina terminar o processo, ele pescou o celular do bolso e discou o número da Andréa. Ela atendeu no segundo toque.

 

- Alô, - disse ela meio desconfiada.

 

- Oi sou eu, você pode me encontrar em 20 minutos em frente ao Hospital beneficência portuguesa?

 

Andréa ponderou por um momento. Ela queria muito ver Takeshi, nem que fosse uma última vez... Porém, ela não sabia o que havia acontecido, como e por que ele estava livre? As provas contra ele eram muitas. Como ele poderia estar em liberdade.?

 

Por fim ela se decidiu.

 

- Ok, estarei lá.

 

- Maravilha! Não vejo a hora de estar com você.

 

- Eu também. – disse ela sem muito pensar.

 

- Leve uma mochila, com apenas o básico, vamos fazer uma viagem. Quando chegarmos ao destino te compro o que faltar.

 

- Ok!

 

- Ah outra coisa, não precisa avisar no laboratório. Depois eu converso com meu irmão.

 

- Está bem, mas eu já estava quase saindo, pois tenho uma reunia administrativa as 14 horas.

 

- Não se preocupe, só venha me encontrar.

 

-  Ok, então, até daqui a pouco.

 

Assim que Takeshi desligou, Andréa ligou para o escritório, Fred atendeu quase que aos berros.

 

- Alô! Fred falando.

 

- Alô chefe está tudo bem por aí?

 

- Nada bem, tenho na minha equipe, um agente corrupto e dois milhares de dólares em mãos e não posso ligar ao Takeshi porque o bosta te um amigo que é juiz... este juiz de merda por sua vez, me manda deletar qualquer informação sobre Takeshi Nakamura.

 

- Isso quer dizer que ele foi liberado e o processo arquivado?

 

- Sim, mas ele não perde por esperar, eu ainda vou ter o gostinho vê-lo atrás das grades.

 

Andréa queria poder gritar, em comemoração, mas se conteve.

 

 

Obs.: Depois de muito contratempo, consultas e exames, estou voltando aos poucos... segue mais um capitulo da novela FORA DE CONTROLE, creio que mais uns dois ou três capitulo e fecharei essa série. obrigado a todos pela compreenão. 

 

Felipe Felix
Enviado por Felipe Felix em 19/02/2023
Alterado em 19/02/2023
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