ANDRÉA ESTAVA no banho quando o interfone tocou. Ela tirou rapidamente o shampoo dos cabelos, após enrolar a toalha nos cabelos, ela vestiu o roupão e foi até o interfone. Takeshi estava de costa para a câmera, ela digitou o código e o portão se abriu.
- Obrigado - disse ele.
Ela deixou a porta do AP entreaberta e foi terminar de se arrumar.
Na TV estava tocando uma playlist das melhores canções em espanhol de Net king Cole. Quando Takeshi adentrou ao AP, estava tocando Acercate Mas. Ele fechou a porta e se sentou ao sofá, ficou bem relaxando encostando ao encosto, com os dedos entrelaçados atras da nunca. Com os olhos fechados ele viajava em pensamento ao som da canção.
Andréa, ao terminar de se arrumar veio para sala. Lá estava Takeshi, relaxado, por um momento ela se perguntou, será que aquele homem que estava ali em seu sofá era o mesmo criminoso, frio e calculista que a agência perseguia? Para os federais e a polícia civil, Takeshi era considerado um gangster, psicopata, frio e calculista. Seus mortos, confirmado ou ligado a ele já passava de 20 pessoas.
Depois daquela breve reflexão, Andréa foi até ele e o beijo nos lábios.
- Aceita um drink, uma água ou...?
- Uma Água com gás se tiver.
Andréa foi a geladeira pegar a água. O tom da voz, a resiliência na fisionomia, o aspecto submisso de Takeshi a deixou preocupada, pois, aquele comportamento só poderia indicar duas coisas. Primeira: ou ele estava preste tomar uma ação drástica, o que poderia ser o começo de uma guerra territorial. Segunda: ou ele estava preste a fugir.
Andréa, pegou uma garrafa de água com gás, mas na sua experiência como infiltrada, sabia que se pega mais moscas com mel, se ela queria arrancar alguma coisa de Takeshi, aquele era o momento. Ele parecia vulnerável.
Andréa decidiu agir. Ela pegou o celular sobre a pia, ligou o gravador de voz e pôs o aparelho no bolso do macacão de seda que estava usando. serviu a água em um copo e levou para Takeshi.
- Eu vou tomar uma taça de vinho, pois meu dia foi puxado. Você tem certeza de que não quer um drink?
- Está bem você tem whisky?
- Tenho só Jake Daniel’s, pode ser?
Andréa serviu o whisky para Takeshi. Ele virou em um só gole, ela deixou a garrafa sobre a mesa de centro. Sentou-se ao lado dele. Sorveu um pequeno gole do vinho que havia servido a si, posou a taça sobre o aparador de copos sobre o braço do sofá. Takeshi se serviu de mais uma dose, mas não a bebeu. Apenas deixou o como sobre a mesa e disse.
- Eu tomei uma decisão, vou embora do Brasil.
Andréa esperou que ele prosseguir. Passou alguns segundos. Ele nada disse, apenas olhava para o copo sobre a mesa.
- Mas para onde você vai?
- Japão..., minha mãe tem uma casa lá..., gostaria que você viesse comigo.
- Mas nós mal nos começamos a conhecer, e, você já quer que eu vá para o outro lado do mundo com você?
- Eu gosto muito de você.
- Mas você pretende ficar muito tempo no Japão?
- Não, só até que meus inimigos desistam de me perseguirem ou...
Takeshi, ficou pensativo.
- Ou...? – quis saber Andréa.
- Posso estar esganado, mas creio que acabei de descobrir quem está atrás de mim.
Takeshi foi se levantando ao mesmo tempo que pescava o celular do bolso do paletó. Andréa não sabiá o que fazer ou dizer. Ficou ali, sentada ao sofá, enquanto Takeshi apertava teclas em seu celular, e andava de um lado a outro enquanto esperar que alguém atendesse. Por fim, ele sinalizou para que Andréa ficasse em silêncio.
- Alo Ramalho, como vai? Eu preciso de um favor seu. Podemos nos encontrar hoje no lugar de sempre?
Ramalho estava sentado em frente ao delegado Fred, então fingiu estar falando com a esposa.
- Sim querida, está tudo bem, pode deixar eu levo. Seco ou suave?
Takeshi afastou o aparelho do ouvido, não estava entendendo nada, mas concluiu que o agente não podia falar naquele mento. E finalizou a ligação.
- Te espero as 23 horas no lugar de sempre.
Devolveu o celular ao bolso do paletó, e voltou para junto de Andréa. Estava eufórico, tomou mais um gole do whisky abraçou Andréa carinhosamente e a beijou ternamente nos lábios. Eles fizeram amor demoradamente sobre o sofá.
Já passava das vinte e uma horas, quando ele saiu do AP de Andréa, para ir ao encontro com seu contato da polícia.