FelipeFFalcão

Contos versos e poesias

Textos


LEILLA ESTAVA dormindo em sono profundo, quando ouviu ao longe seu celular tocar. Ela abriu os olhos, por um momento imaginou que estava sonhando. O quarto estava escuro, a única luz no ambiente vinha  do celular que continuava a chamar, por fim ela o pegou e o levou ao ouvido:

 

- Alô!

 

- Bom dia delegada.

 

- Bom dia, Dalton, que passou?

 

Dalton não fez rodeios, já foi soltando a bomba.

 

- João Paulo foi encontrado morto na cela.

 

Leilla girou o corpo sob o cobertor e se sentou à beira da cama.

 

- Como isso foi acontecer em minha delegacia!?

 

- Não sei delegada.

 

- Ok, já estou indo para aí. Segure essa informação, não deixe vazar para a imprensa até sabermos o que foi que aconteceu e como aconteceu.

 

A DELEGACIA estava em alvoroço, afinal, um preso fora encontrado morto em suas dependências. A pergunta óbvia era:

 

“Foi ele assassinado, ou vítima de um mal súbito?”

 

Só a necropsia poderia responder. Mas com certeza, a delegacia iria passar por maus bocados, a imprensa iria explorar o ocorrido ao máximo, e, a corregedoria provavelmente iria abrir uma investigação.

 

Quando Leilla chegou à delegacia o corpo de João Paulo havia sido levado para o instituto médico legal. Os peritos estavam vasculhando a cela a procura de digitais, e as comerás interna e externas, a procura de alguém suspeito nas dependências e imediações. Entretanto, até aquele momento, não havia nada de concreto.

 

- Bom dia pessoal – disse Leilla olhando para o interior da cela – vocês já têm alguma ideia do que aconteceu?

 

- Não doutora, mas assim que encontrarmos alguma coisa a informaremos.

 

Leilla ficou ali por um momento repassando em sua memória as últimas palavras que ouvira de João Paulo.

 

 “Bem doutora, creio que, ele não chegará a tempo.”

 

Leilla não podia acreditar, João Paulo está falando a verdade, sua vida corria risco, porém, ela não quis acreditar e, agora, ele estava morto. Tudo que ela precisava saber ou melhor, o que ela precisava era encontrar a ligação de Takeshi com a morte de João Paulo, porque o tal de Tentáculo, era um fantasma. Até onde ela havia pesquisado, não fora capaz de encontrar alguém com tal nome ou ligação.

 

Mas o que amenizava a sua decepção ou sentimento de culpa no caso da morte de João Paulo era que, ao julgar pela cena na cela, ele não teve uma morte violenta, pois não havia presença de sangue no local, apenas uma pequena quantidade de vômito em um canto da cela. Independentemente de como havia ocorrido, um crime fora cometido, cabia a ela e sua equipe, elucidá-lo.

 

Leilla foi para sua sala, pós a bolsa sobre a mesa e deixou seu corpo cair sobre a cadeira. Ela recostou as costas e deixou a cabeça pender para traz. De olhos fechados, ela ficou repassando mentalmente tudo que sabia sobre Takeshi.

 

SATO ESTAVA a caminho do escritório, quando seu celular tocou. Era Takeshi. Santo atendeu no terceiro toque.

 

- Bom dia Takeshi – disse num tom apreensivo -, já está em São Paulo?

 

- Bom dia irmão, sim cheguei ontem à noite.

 

- E a mamãe, como está?

 

- Está bem, um pouco assustada com as notícias, mas eu  a tranquilizei...

 

- Ela me ligou desesperada, queria vir para cá a todo custo, mas também disse a ela que o melhor era ficar distante, até saber o que de fato tinha ocorrido.

 

- Fez bem. Eu creio que a coisa é mais séria do que eu imaginava, mas não quero falar disso por telefone... Na verdade estou te ligando para te convidar para almoçarmos hoje, temei algumas decisões e preciso de sua ajuda para resolver tudo isso.

 

- Ok, creio que tenho um espaço na agenda as quatorze horas.

 

- Perfeito.

 

-Nos vemos as 14h, no Restaurante Sakura.

 

- Certo, estarei lá.

 

SATO CHEGOU ao Sakura na hora marcada. Takeshi já estava tomando uma dose de Macallan 18 anos.

 

- Deve ser sério o que você tenha a dizer. – Disse santo puxando a cadeira e se sentando a mesa -  Para você estar tomando whisky a essa hora?

 

- Não queira estar em minha pela, meu irmão, mas o brigado por vir. Você vai pedir ok? Eu pedi bife grelhado.

Sato pegou o menu ao lado.

 

- Primeiro deixe me ver o que vou beber. - Disse ele folheando o cardápio -, eu vou de Bourbon, portanto, para acompanhar, um Salmão defumado cai bem.

 

Takeshi olhou para o garçom que o havia atendido e, este veio anotar o pedido. Quando o garçom foi providenciar os pedidos, Takeshi disse.

 

- Meu irmão, eu vou direto ao assunto. Decidi sair do país.

 

- Ok..., para onde você pretende ir?

 

- Vou para o Japão, posso muito bem viver de renda pelo resto da vida, por lá sem que alguém me persiga.

 

- Entendo, mas e os seus negócios aqui?

 

- Foi por isso que te convidei para este almoço. Nossos escritórios estão no mesmo prédio, eu me dedico a advocacia em geral. Você no ramo imobiliário, construção e agora no campo de análises clinicas. Eu poderia deixar uma das meninas na administração, mas não as quero envolvidas nos meus negócios. O que quero é deixar tudo aos seus cuidados, você unifica os escritórios e eu saio de cena.

 

- Mas como seria isso?

 

- A estrutura continuaria a mesmo. Mas para que você tenha plenos poderes, eu te deixaria uma procuração, e trinta por cento das ações. E qualquer dúvida, você pode entrar em contato comigo por meio de uma mensagem codificada. Ou em um horário específico. Que não houvesse possibilidade de a ligação ser rastreada.

 

- E quanto a suas filhas e a mamãe?

 

- Elas infelizmente ficariam onde estão.

 

- Mas a coisa é tão seria assim que você precisa sumir?

 

- Infelizmente é. As pessoas que tentaram me matar, não vão parar até conseguir. Eu descobri que mandaram uma equipe com oito homes, com a ordem de me eliminar. Sete estão mortos, a penas um deixei ir com um recado para quem seja que os contratou.

 

- Isso quer dizer que o que está preso também está morto?

 

- Sato, maninho... Quanto menos você souber melhor para você.

 

Os pratos e a bebida chegaram, eles ficaram em silencio até o garçom pôr os pratos e bebida sobre a mesa. Enquanto comiam eles falaram sobre os detalhes da manobra de fusão dos escritórios. De sobre mesa eles comeram Crumble de Maçã.

 

- Eu vou mandar meus advogados fazer a documentação, e te mando para você analisar.

 

- Perfeito, mas vê se diz pelo menos para a mamãe onde você vai estar, para que ela não fique tão preocupada.

 

- Pode deixa, darei um jeito de contar a ela.

 

Terminada a refeição, Sato voltou para o escritório, Takeshi continuou na companhia do Macallan 18 anos.

Felipe Felix
Enviado por Felipe Felix em 29/10/2022
Alterado em 29/10/2022
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