Andréa se levantou ao meio-dia. Como sua kitnet não era seu lar, mas apenas de fachada, temporário, não tinha muita coisa, apenas o básico. Chá, café, leite, bolachas e algumas frutas. Quando ela estava disfarçada, ela evitava ir para casa, para não colocar sua mãe em risco, caso alguém a seguisse. As vezes ela ficava até dois anos sem ir para casa.

Ela Pediu comida por telefone. Ficou na cama o resto do dia. Como ela não havia trocado telefone com Takeshi, ela teria que ir aos lugares que ele costumava frequentar para reencontrá-lo casualmente.

A agência havia dado a ela uma lista de toda a rotina de Takeshi.  Da academia onde ele malhava, bares e restaurantes, hotéis e bancos. Seu trabalho era fazer ele se apaixonar por ela. Se aproximar dele, a ponto de se tornar intima de amigos e familiares. O primeiro encontro foi produtivo. Agora, tudo que ela precisava fazer era criar situações de encontro por acidente, amenos e claro, que ele a procurasse na kitnet.

Depois do de almoçar. Andreia ficou assistindo filmes. Por toda a tarde. Ligou para sua mãe, conversaram por uns quarenta minutos, ao desligar, a voz de sua mãe estava com notas de choro, pois já fazia uns seis meses que Andréa não ia para casa.

Depois de terminar de falar com sua mãe, a agente tomou um banho demorado. Vestiu uma roupa casual e foi para um restaurante da lista que recebera da agência.

Ao chegar ao local, ela sentou-se a uma mesa em um ponto estratégico, do qual ela tinha uma visão geral do ambiente. Andréa pediu uma taça de vinho, uma água com gás.    Ficou ali por uma hora e meia, mas Takeshi não apareceu. -Talvez ele houvesse tirado a noite para ficar em casa, sair com os amigos.

Andréa, ficou um tanto decepcionada, mas o jogo estava penas começando. Ela ergueu a mão e o garçom foi até sua mesa.

- Pois não senhorita, vai mais uma taça de vinho.

- Não, obrigada, apenas a conta, por favor.

Ele saiu e em seguida voltou com a comanda.

- Aqui está senhorita.

Andréa conferiu os valores, pegou duas notas de cem reais pôs junto a comanda, e entregou ao garçom.

- Pode ficar com o troco – disse ela, já se levantando da mesa.

- Obrigado e volte sempre – disse o garçom com um sorrio afetado nos lábios.