O SABADO amanheceu belo. Sato se levantou animado, depois de um longo banho, ele desceu para a cozinha. A mesa do café da manhã já estava posta. Ele se serviu de café puro, depois de tomar dois goles, ele ia pegar uma torrar quando o telefone tocou na sala. De pois de dois toques Rosicléia veio da lavanderia dizendo.
- Deixa que eu atendo doutor.
Ele levou o fone ao ouvido.
- Alo, residência do Dr. Sato.
- Bom dia Rose, é o Téo, como vai você?
- Bom dia Dr. Téo, tudo bem, graças a Deus.
- Que bom Rose. O Dr. Sato já se levantou.
- Sim, ele está tomando café. Vou passar para ele.
- Ok, obrigado.
Rosicléia entregou o aparelho para Sato. Ele acabou de tomar o resto de café da xicara e atendeu.
- Bom dia Dr. Teodorico.
- Bom dia Dr. Sato desculpe ligar tão cedo, mas o rapaz faleceu as 4 da manhã.
Santo ficou por um longo minuto em silêncio. Nunca alguém havia sofrido um acidente fatal em sua empresa, sempre priorizou a segurança. Sempre forneceu todos os EPIS exigidos por lei. Ele respirou fundo e disse.
- De todo o suporte para a família, e faça com que o segura por acidente de trabalho seja pago integralmente.
- Sim doutor, estamos providenciando tudo. O velório vai ser no Vila Alpina, pois a família disse que ele gostaria de ser cremando.
- Ok, o seguro cobre isso?
- Sim. Tem um agente da seguradora acompanhado tudo. Agora, quanto ao pagamento do segura, creio que vai ser um problema, pois, o laudo dos peritos diz que foi tentativa de suicídio.
- De um jeito de mudar esse laudo. E se asseguradora bater o pé. Diz que rescindiremos o contrato com eles. Faço o que for possível e impossível Dr. Teodorico.
- Oquei doutor. Mande duas coroas em nome da empresa.
- Pode deixar doutor.
Que horas começa o velório?
- O corpo vai estar na sala de velório as 12 horas. Aberto ao público. As 17h haverá uma palestra religiosa no salão principal, pois, os pais e esposa dele são testemunha de Jeova. As 19h ele desce para o crematório. La haverá o último adeus.
- Mais tarde eu irei lá. Faça com que não falte nada para os familiares. Se precisar de transporte pode colocar as vans da construtora a disposição.
- Obrigado Dr. Sato.
Sato depositou o aparelho sobre a mesa.
- O que aconteceu Dr. Sato? – perguntou Rosicléia.
- Funcionário que sofreu uma queda no serviço veio a falecer.
- Que chato, que Deus o tenho num bom lugar, - Disse Rosicléia fazendo o sinal da cruz.
SATO CHEGOU AO VELORIO, as 16h40. Deu os pêsames aos familiares. Ao chegar próximo a urna fúnebre, Sato ficou a observar a face o falecido. Por um momento ele ficou a ponderar em pensamento, como a vida é efêmera, hoje estamos aqui, as vezes sorrindo, festejando, fazendo planos para o amanhã, de repente, as janelas da vida se fecham, tudo que resta são os planos não concretizado.
Depois do momento de reflexão, ele deixou o recinto e, se juntou ao Dr. Teodorico que estava sentado a um banco madeira do lado de fora da sala.
- Boa tarde, Téo está tudo muito bonito. O rapaz parece que era muito querido, há bastante pessoas presente.
- Sim, Dr. Sato. Pelo que pude colher de informação sobre ele, ele era um Tj, não praticante nos últimos tempos... parece que ele entrou em quadro depressivo a uns oito meses. Desde então ele deixou de ser assíduo as atividades religiosas, mas eles o consideram um deles, me parece que eles são os crentes bem unidos.
Depois de algum momento, de conversa. Sato percebeu que a uma estava sendo removida do local.
- Parando vão com o corpo?
- Para o salão principal, onde haverá a palestra fúnebre.
- A, tá!
- Vamos para lá.
- Ok.
Sato e Teodorico seguiram a multidão até o salão.
O local parecia uma cripta oval. Sua estrutura era de vidro e metal. O caixão foi colocado no cento do salão. Após todos se acomodarem em seus lugares. Um Negro alto, de físico atlético, se postou ao lado do caixão um uma bíblia e uma filha de sulfite a mão. Um assistente trouxe um pedestal com uma base, sobre a qual o religioso posa a bíblia e a folha de papel.
O orador começou olhando para os ali presentes, com um olhar sério, porém, compassivo. Pois todos ali estavam enlutados, pela perca do irmão na fé, marido, pai, filho e amigo.
Com voz condescendente. Ele começou.
- Queridos amigos e irmãos, estamos aqui para nós despedirmos do nosso irmão e amigo Wilson.
O Wilson tem vinte e sete anos. Veio a óbito devido um assiste de trabalho. Ele deixa esposa, nossa irmã Débora, deixa um filho de cinco anos e outro por nascer.
Ele era batizado como testemunha de Jeová a oito anos. Essa palestra tem como objetivo relembrar o conceito da Bíblia abre a condições dos mortos. Mas antes queremos ouvir nosso irmão Adelson que é o irmão mais velho do nosso irmão Wilson.
Adelson foi a frente, por alguns minutos ele ressaltou as qualidades de Wilson, como pai, esposo e amigo. Relembrou memorias da infância, no menino humilde e amigo de todos. Destacou o belo ser humano que seu irmão havia sido desde cedo.
Visivelmente emocionado, ele devolve a palavra ao pregador.
O orador discorreu por várias passagens bíblicas, que destacavam a importância de se fazer um bom nome perante Deus. Destacou que o livro de Eclesiastes capítulo sete, versos dois que diz: “Melhor é ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde há festa, pois, a morte é o fim de todo Homem... quem está vivo deve refletir sobre isso”. Leu Provérbios capítulo nove, versos cinco e dez, dentre vaias outras passagens da bíblia. Por fim concluiu, dizendo que quem quisesse saber mais, poderia falar com ele ou com qualquer testemunha de Jeová sobre o assunto.
Após a palestra bíblica, o corpo foi levado para o crematório, onde haveria mais quinze minutos de despedida.
Sato achou maçante, tudo que viu e ouvira até ali. A poso as considerações religiosa ele. Foi em bora.
Ao chegar em casa, ele foi para o escritório, serviu uma dose de Shiva e sentado a escrivaninha, ele ficou ponderando sobre as efemeridades da vida.