Educação x Ação
Outro dia eu estava elogiando um amigo, pelos filhos educados que ele tem. Disse a ele que criou bem seus filhos, pois eles tratam todos com muito respeito. Disse isso porque este meu amigo é um empresário bem-sucedido. Seus filhos nunca souberam o que é ser pobre, pois já nasceram em berço de ouro. A filha caçula é escritora e uma roteirista de renome. A mais velha, uma grande produtora de uma linha de cafés nobres. E o filho do meio, este mora no exterior, é tenente do Exército Canadense.
Mas na última quarta-feira, 14/04/21, vi uma cena que me emocionou. Me fez pedir a Deus imediatamente em prol da pessoa que fez uma boa ação para com um morador de rua. O que também me fez refletir que os filhos do meu amigo, são educados, demonstram respeito pelo próximo, tratando todos como iguais, mas por conhecê-los bem, dificilmente teriam a atitude humanitária que presenciei, vinda de um garoto de uns 8 a dez anos.
Eu vim fazer um serviço no litoral Paulista, e tive que pernoitar na casa de praia. Pela manhã fui a uma padaria próxima para comprar algo para o desjejum. Como estamos em lockdown, não é permitido comer no local. Então pedi meu lanche para viagem. Vinha voltando para a casa, que fica a uns duzentos metrôs da padaria. De longe vi um sujeito esquisito, com um carrinho desses de mercado, cheio de bugigangas. Constatei logo se tratar de um morador de rua. Ele me olhava com um olhar languido.
Pensei comigo.
- Pobre coitado deve estar conforme, mas eu só tenho um lanche que mal dá para mim.
Enquanto eu ponderava em pensamento, sobre o que fazer, um jovem passou por mim pedalando uma velha bicicleta, levava em uma das mãos um pacote de pão. Sem mais, ele deu a volta e perguntou ao morador de rua.
- Moço, o senhor aceita a pãozinho?
A resposta foi óbvia.
- Sim, pois eu só comi ontem.
Ao receber o pão, ele agradeceu com um efusivo obrigado e acrescentou.
- Que deus lhe pague, por este seu gesto, meu jovem!
Eu automaticamente, senti um arrepio na alma, e pedi a Deus desculpas por não ter sido mais humano, e não ter me disposto a oferecer algo, para aquele homem, cidadão Brasileiro, pois eu tinha dinheiro e recurso para comprar quantos lanches mais eu quisesse, mas mesquinhamente me esquivei. Também roguei oa Pai eterno, que continue a abençoar aquele garoto, para que ele creça mantendo este bom coração. Diferente de mim, creio que ele não pensou em como seu pai ou sua mãe iria reagir ao perceberem que havia um pão amenos no pacote, ele simplesmente agiu em prol do seu semelhante.
Voltando ao meu amigo e família. Concluo que não basta só ter educação em termos de tratar os outros, ou os seres “inferiores” a nós financeiramente. Mas que, tratar alguém com respeito, envolve dar a ele certa dignidade, ou o direito de ter o básico para o dia.
A cena que presenciei, me fez ver que por mais que eu tente ser um homem de bem, a inda sou um tanto mesquinho. “preciso melhor e muito no que concerne ao meu próximo”.