FelipeFFalcão

Contos versos e poesias

Textos



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Claudio aguardava Célia sair da boate, na esquina do outro lado da rua, de onde ele tinha uma boa visão dos que entravam e saiam. Ele estava observando o movimento, pacientemente. Aquela parte da rua estava movimentada, pois, ali funcionavam três boates. Uma em cada esquina. Havia várias moças a entrada de cada estabelecimento convidando os homens que por ali passavam a entrar. A concorrência era grande.

As três e dez, Célia apareceu saindo da boate. Ela olhou o movimento, agitou os cabelos com as pontas dos dedos, conferiu sua vestimenta. Agora ela usava calça Jeans e uma camiseta de algodão. Ela saiu em meio aos que ali estavam, e foi atravessando.

- Bom dia Célia – disse ele, quando ela passou a sua frente – posso lhe acompanhar até sua casa.

- Bom dia, Claudio – disse ela tentando parecer natural.

Claudio ficou surpreso, ao perceber que ela sabia seu nome.

Ela percebendo que ele ficara impressionado, Prosseguiu.

- Eu moro longe, lá no alto da Rua dos Ipês, do outro lado da linha de trem, perto da cooperativa Itambé. Você está disposto a ir até lá.?

- Sem problemas.


 
Eles seguiram caminhando pela Rua Leonardo Cristino. As ruas estavam praticamente desertas naquela madrugada de sábado. Ao primeiro momento, eles seguiram em silencio.

Claudio quebrou o silêncio;

- Soube que você tem duas crianças.

- Sim, duas meninas lindas, uma de 6 anos e outra de dois. São meus maiores tesouros.

- E o.… seu esposo?

- Ele foi para o Espírito Santo quando eu estava gravada de dois meses da mais nova. Nunca mais voltou... me disseram que ele se amigou com outra mulher, já tem um filho de um ano.

Célia fez um relatório completo de sua vida. Contou que o homem com quem ela viveu por oito anos, a havia deixado e nunca mais volto. Que ela não tinha estudo, que estudara até a quarta série, que morava em uma casinha no fundo da casa dos pais, com suas duas filhas. Que seus país eram aposentados, sua mãe era diabética e o pai hipertenso. Que eles a ajudava como podiam, mas não podiam fazer muito por ela. Por não conseguir emprego, ela só viu duas opções, se prostituir ou catar recicláveis nas ruas. Ela até havia tentado, mas era um trabalho pesado, pouco renumerado. Por fim lhe foi oferecida a opção de servir a as mesas na boate.

Claudio suspirou fundo ao fim do triste relato.

- Sua vida não é fácil! – Disse ele, com consternação na voz.

- E você, o que faz da vida? Sou filho único, terminei de cursar direito no ano passado, sou caixa no Banco Bemge.

Célia não disse nada, nem demonstrou surpresa.

Eles estavam chegando no cruzamento da linha. O sinal tocou, avisando que vinha um trem. Acancela foi baixada, eles ficaram em silêncio durante o tempo que o trem passava.

Ao chegarem enfrente a casa, ela abriu o portão com todo o cuidado, evitando fazer muito barulho, para não chamar a atenção de algum curioso de plantão.

- Pronto, já está entregue – disse Claudio assim que ela empurrou o portão.

- Você não quer entrar um pouco? Eu posso passar um café para gente.

- Não vai lhe trazer problemas com seus pais.

- Problema algum, eu moro nos fundos.

- E suas crianças

- Estão dormindo com meus pais.

Claudio ficou meio indeciso, mas acabou aceitando o convite.
Ao entrarem à casa, Célia trancou a porta e pôs as chaves sobre a cristaleira.

- Posso usar seu banheiro? – Inqueriu Claudio – Creio que o uísque quer sair.

- Fique à vontade, - disse ela – o banheiro fica no fim do corredor a direita. Vou estar na cozinha passando o café.

Célia pegou a chaleira sobre o escorredor. Abriu a torneira e deixou a chaleira sob ela. Ficou olhando a água cair no recipiente até a metade. Em seguida, desligou a torneira e levou a chaleira para o fogão. Quando ela acabara de acender o fogo, Claudio a abraçou por trás.

- Vamos devagar, garotão. O fato de ter te convidado a entrar, não quer dizer que você vai se dar bem.

Ele não disse nada, apenas a beijou no pescoço, lhe mordiscou a orelha.

Ela sentiu as pernas bambear e desligou o fogo. Se virando por entre os braços de Cláudio. Ela se entregou num beijo voluptuoso.

Em segundos ambos começaram a despir um ao outro. Claudio, admirou por um momento, o corpo voluptuoso de Célia, a pegou pela cintura e a pôs sobre a mesa. Eles transaram como dois coelhos ávidos de desejo. Quando Cláudio atingiu o rogamos... Célia pôs as mãos sobre o rosto e começou a sorrir.

- O que foi, fiz algo errado? Fui muito rápido? – Perguntou ele constrangido.

- Não! Muito pelo contrário. Você fez tudo certinho. Eu estou rindo de felicidade, fazia séculos que eu não transava, e, sobre a mesa da cozinha foi a primeira vez.

- Podemos fazer em outros lugares da casa, se você quiser.

- Você é lindo.

Ela o puxou para junto de si e se beijaram longamente.

- Se você quiser pode tomar um banho.

- O.k.

- Tenho tolhas limpa no gabinete da pia. Vou terminar de fazer o café.

Claudio tomou banho. Ao voltar a cozinha, Celia já estava de roupão. A mesa estava posta, uma garrafa de café, bolo, queijo e uma liteira com leite fumegando.

- É o que tenho. – Disse ela mostrando a mesa.

- Perfeito eu só vou querer um pouco de café.

Ele se sentou a mesa.

- Fique à vontade – disse ela - vou ao banheiro e já volto.

No banheiro, ela se olhou ao espelho e sorriu para si mesma. Ligou o chuveiro e deixou a água cair sobre seu copo. Pegou a toalha que Claudio havia se enxugado e a levou ao nariz, sentiu o cheiro dele, e se enxugou. – Sua louca, como você pode fazer uma coisa dessas trazer um cara que você mal conhece para sua casa e ainda transar sobre a mesa da cozinha? - Dizia ela a si mesma em pensamento.

Embora ela se reprimisse em pensamentos, seu corpo dizia que queria mais daquela aventura.

Cláudio estava terminado a xicara de café. Quando Celia adentrou a cozinha com os cabelos molhados vindo do banho. Ao vê-la, perfumada fresca do banho, ele a olhou como se ela estivesse nua a sua frente, embora ela estive de roupão. Ele sentiu desejo de tê-la naquele momento, ela percebendo a lascívia em seu olhar, não fez cerimonia, o pegou pela mão e o levou para o quarto.

Fizeram amor, com desejo, com ternura, intensidade e em todas as posições que puderam imaginar. Depois do amor, ambos exaustos, ficaram um pouco na cama.

De volta a cozinha, mediante muita insistência de Célia, ele comeu um pedaço de bolo e tomou mais uma xicara de café.

O dia já estava amanhecendo. Si via pela janela a claridade da aurora dissipando a noite.

- Já está amanhecendo, é melhor você ir antes que meus pais acordem. Não quero que eles sejam pegos de surpresa.

- O.k. minha mãe também deve estar preocupada comigo.

Célia o acompanhou ao Portão.

Ao se despedirem, Cláudio lhe perguntou:

Quer almoçar comigo mais tarde?

- Não sei... tenho que fazer almoço para as meninas, ficar com elas um pouco.

- Leve elas também.

- Um... onde seria?

- Pode ser lá em casa...

- E sua mãe, não vai achar rui?

- Talvez sim, talvez não..., mas ela me ama e sempre faz tudo que eu peço.

- Está bem.

- Ótimo, venho te buscar as 13h.

Eles trocaram um selinho. E Claudio foi feliz para casa.


Continua....
Felipe Felix
Enviado por Felipe Felix em 02/01/2020
Alterado em 22/06/2020
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