A senhora e o pé de ipê

Ela sabia que chegava o seu fim.
Da varanda, o florido pé de ipê,
não era tão belo como antes
Já não exibia as suas flores

A pequena muda que outrora fora plantada
Era agora uma arvore frondosa
Folhas caídas ao chão...
Fenômeno fora da estação

Com dificuldade de movimento
A velha senhora, apoiando em sua bengala
Caminha rumo ao seu amigo de longa data
O qual nunca esteve tão perto, desde seu plantio

Num olhar débil, ela lhe diz,
- Adeus meu amigo de longas eras
É chegada a ora de minha partida,
Foram bons, inesquecíveis os dias idos.

Num gesto último,
A senil senhora osculou o pé de ipê,
Sem um suspiro ou algo similar,
Ela, arqueou, cedeu-se as nuanças do tempo.

Deu seu derradeiro suspiro,
Aos pês se seu amigo, ipê...
Desdês então, a senhora se foi,
E, no pé de ipê,
jamais se viu flores ou folhagem.